hora de celebrar

Eu tinha duas semanas para tricotar, lavar e modelar um xale que iria presentear para a minha sogra, a Anésia! Ela é admirável – autêntica, destemida, não só cuidou de sua família como sempre ajudou quem precisasse. Eu escolhi um fio vermelho para demonstrar toda sua força e energia.

Escolhida a receita, fiz uma pesquisa no Ravelry para ler as opiniões das pessoas que já tricotaram esse xale e aproveitei para anotar todas as modificações que achei interessantes.

blog Tricô em Prosa - hora de celebrar - Xale Annis

O xale é tricotado de baixo para cima, ou seja, montamos os pontos do barrado e trabalhamos o corpo por último. Devemos montar 363 pontos bem frouxos. Escolhi a montagem de crochê alternada com correntinha, como ensina esse vídeo,. Usando agulha de crochê 3,5mm e agulha de tricô número 4mm para montar os pontos. Mas, para trabalhar o gráfico do barrado, troquei a agulha de tricô por uma de número 3,5mm.

Coloquei contas de vidro em todas as diminuições do gráfico. As contas são colocadas antes de trabalhar a diminuição, assim:

  • Para mate simples ou ssk, colocar a conta no primeiro ponto da agulha esquerda
  • Para 2pjm e mate duplo centralizado, colocar a conta no segundo ponto da agulha esquerda

Eu deveria ter usado 539 contas de vidro, mas esqueci de colocar uma conta na terceira linha do gráfico! Só percebi depois que o xale estava terminado, lavado e modelado.

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Para fazer os nupps, usei agulha de crochê número 3,5mm.

Ao trabalhar as linhas do lado direito do gráfico temos várias interrupções para colocar contas de vidro e também para fazer os nupps. Cronometrei o tempo que levava para concluir cada linha. Levei em média 1h15m para trabalhar as linhas do lado direito tranquilamente, sem me apressar. Para trabalhar as linhas do lado avesso eu levei em média 15 minutos. Foram aproximadamente 14h20m para concluir o barrado.

Quando a modelagem de carreiras encurtadas inicia, fica mais rápido trabalhar o xale. Modifiquei essa etapa de acordo com as anotações desse xale no Ravelry, que são:

  • No lugar de SSK, fazer 2pjm
  • No lugar de 2pjt, passar 1 ponto em meia, passar próximo ponto em meia, 2pjt pelo fio de trás

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Na hora de arrematar, trabalhei a borda superior com uma carreira de passa-fita permeada de contas de vidro, desse modo:

  1. (avesso) Passar 1 ponto em tricô, meia até últimos dois pontos, 2pjm (183 pts)
  2. (direito) Passar 1 ponto em tricô, repetir [laçada, 2pjm com uma conta]
  3. (avesso): Passar 1 ponto em tricô, ponto meia até o fim da carreira
  4. (direito): Arrematar repetindo [2pjt, voltar ponto para agulha esquerda]

Eu levei 6h10m para concluir a modelagem com carreiras encurtadas e arrematar. Foram, ao todo, 20h30m para concluir o xale.

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Depois de lavado e modelado com alfinetes, o xale mediu 23 centímetros de altura e 89 centímetros de envergadura. Consumiu aproximadamente 50 gramas de fio.

É uma receita ótima de tricotar! Melhor ainda, temos a tradução autorizada para o português graças à querida Grace Karen do blog As Tramas de Milady.

Com certeza vou tricotar outro Annis no futuro!

Receita: Xale Annis de Susanna IC
Fio: Pingouin Tropfil – cor número 317 soviet
Composição: 100% algodão
Agulha: circular número 3,5mm com 1 metro de comprimento

Veja esse xale no Ravelry

uma salopete

No início desse ano, minha irmã me enviou uma fotografia de sua cunhada, ainda bebê e toda sorridente, sentada em um balanço e vestindo uma salopete de crochê azul claro.

Não foi nenhuma surpresa quando minha irmã me perguntou se eu conseguiria fazer uma releitura da peça em tricô. Ela queria presentear a filha de sua cunhada, a pequena Valentina, com uma peça igual à que sua mamãe usou quando era bebê.

tricô em prosa - uma salopete - frente da salopete

Das inúmeras qualidades de minha irmã, sempre me tocou o quanto ela é atenciosa com as pessoas, o quanto valoriza suas histórias.

Aceitei o desafio com um sentimento de alegria por poder contribuir, e confesso, um pouquinho de temor pelo tamanho da responsabilidade.

croqui, medidas e amostra

Bem, era janeiro e eu teria muito tempo pela frente!

Nos primeiros meses eu apenas procurava pontos para o barrado da saia e separava alguns deles usando o Pinterest.

Também desenhei vários croquis. Nos primeiros, a parte superior parecia mais com uma jardineira tradicional, com as tiras sobre ombros unidas ao peito com um botão. Um dia eu reparei que a peça na fotografia não tinha botão nenhum e refiz tudo.

tricô em prosa - croqui da salopete medidas em centímetrosO desenho final ficou com a parte superior composta de dois trapézios, um frontal e um posterior, que são unidos na altura do pescoço e na cintura. A peça é fechada na parte superior das costas com um botão. Da cintura para baixo, uma saia.

Obtive as medidas da peça medindo uma camiseta de tamanho um ano que comprei com o único intuito de usá-la como “molde”, uma dica preciosa da generosa Beatriz Medina.

Usando a camiseta como base eu decidi as medidas do comprimento da tira da gola, da circunferência do busto e das alturas do peito e da saia. A circunferência do busto seria de 45 a 47 centímetros. A altura do trapézio superior seria de 14 centímetros, sem contar a tira da gola. A saia teria 20 centímetros de altura.

hora de tricotar uma amostra

Eu escolhi esse ponto porque achei que ficaria muito bem no barrado da saia e porque ele tem uma parte em barra 1×2 (1 meia pelo fio de trás, 2 tricô) que eu poderia usar no corpo da peça, criando uma transição harmoniosa para o barrado.

No fim de julho eu comprei o fio e teci uma amostra com meu ponto favorito. Nessa amostra, boa parte foi tecida em barra 1×2 e depois finalizada com o ponto rendado. Ela foi tecida sempre pelo lado direito, com longos fios frouxos correndo pelo lado avesso.


No dia seguinte eu lavei e coloquei a amostra para secar.

tricô em prosa - croqui da salopete com medidas em carreiras e pontosMedi somente depois de confirmar que ela estava completamente seca.

Havia 13 pontos em 5 centímetros e 18 carreiras em 5 centímetros na parte da barra 1×2.

Já o motivo do ponto rendado media 7 centímetros de largura por 8,5 centímetros de altura.

Agora sim, eu poderia converter as medidas das larguras em quantidade de pontos e as medidas das alturas em quantidades de carreiras. Também poderia calcular a frequência em que os aumentos deveriam ser trabalhados, tanto para dar forma aos trapézios quanto à saia.

início da peça

A salopete é tricotada de cima para baixo, ou seja, ela começa com a tira em torno do pescoço e segue em direção à saia.

Montei 91 pontos usando a antiga montagem norueguesa, que é mais elástica, usando agulhas número 2,75 mm. Trabalhei sete carreiras ida e volta em cordões de tricô, tomando o cuidado de fazer uma casa de botão na quarta carreira.

Na oitava carreira eu troquei a agulha por outra de númeração 3,00 mm. Trabalhei os quinze pontos iniciais da parte direita das costas, arrematei quatorze pontos, trabalhei os 31 pontos da parte frontal, arrematei quatorze pontos e trabalhei os quinze pontos iniciais da parte esquerda das costas.

tricô em prosa - detalhe das costas da salopeteA parte mais complicada foi, sem dúvida, tricotar o início das duas metades (direita e esquerda) das costas. Cada uma é tecida individualmente, virando o trabalho no final da carreira. Ambas metades são tecidas até a carreira 19. Na carreira número vinte, a segunda metade é unida à primeira sobrepondo os cinco pontos centrais.

Com a ajuda de uma terceira agulha de ponta dupla eu juntei, aos pares, os cinco pontos centrais (em cordões de tricô) para que fossem trabalhados juntos em meia. Assim, sem nenhum costura, as duas metades das costas foram unidas.

tricô em prosa - costas da salopete ainda em andamento

A partir daí continuei tricotando o trapézio das costas da mesma maneira que o trapézio da frente da salopete, realizando aumentos em cada lateral a cada seis carreiras até haver 47 pontos na agulha.

Para iniciar a saia eu trabalhei os 47 pontos do trapézio frontal, acrescentei 16 pontos, trabalhei os 47 pontos do trapézio das costas, acrescentei 16 pontos e fechei a volta para tricotar circularmente. E na primeira volta da saia, fiz dois aumentos, um de cada lado, bem no meio dos 16 pontos acrescentados.

tricô em prosa - lateral da salopete

Mesmo que tenha feito muitas contas, ainda assim eu cometi um erro terrível. Eu calculei a frequência dos aumentos da saia para obter 156 pontos, que é múltiplo de 13, no intervalo de 11 centímetros de altura. Qual foi a minha surpresa ao ver que o ponto do barrado era na verdade múltiplo de 18?

Desmanchei tudo e refiz os cálculos da saia para obter 180 pontos, ou seja, dez repetições do motivo do barrado. Para isso, os aumentos da saia foram feitos a cada três voltas, e não a cada seis.

tricô em prosa - costas da salopete

Depois que alcancei 180 pontos, ainda teci seis voltas em barra 1×2 antes de iniciar o ponto do barrado. E após tricotar o ponto rendado, teci seis voltas em cordão de tricô (uma volta em meia, outra volta em tricô) para criar uma espécie de barra na saia.

Aproveitei um dia inteiro de feriado municipal para arrematar os pontos e embutir as (muitas) pontas. Escolhi o arremate costurado da Elizabeth Zimmermann. Faltando muito pouco para terminar o arremate, o fio acabou. Resolvi cortar outro pedaço de fio e continuar. Funcionou demais! Depois que as pontas foram embutidas, não se nota nada de diferente.

Depois de pronta eu lavei a peça e coloquei para secar na sombra sobre placas de EVA. Como coincidiu com a passagem de uma frente fria por aqui, demorou dois dias para ficar completamente seca.

tricô em prosa - detalhe das costas da salopete com o botão

Encontrei um botão de cor idêntica ao do fio, foi muita sorte! Mas o melhor de tudo é que a peça ficou pronta quase um mês antes do aniversário da bebê Valentina.

Eu fiquei muito satisfeita com o resultado, muito feliz mesmo! Meu marido chama a peça de “a pequena notável”, porque ela parece simples mas exigiu muitas etapas e muitos cálculos para sua confecção.

Agora é torcer para minha irmã e sua cunhada aprovarem o resultado.

Receita: (receita improvisada)
Fio: Pingouin Bella – cor 501 Lavanda
Composição: 100% algodão
Agulha: circular de numeração 2,75 mm e 3,00 mm de 1 metro de comprimento

Veja essa peça no Ravelry

renda em forma de água

​A história dessa peça começou quando minha eterna priminha, a Rayssa, deixou um comentário no Facebook dizendo que estava com invejinha da nossa vó Ziquinha quando ela ganhou um xale rendado que eu teci. Fiquei tão tocada que se pudesse teria montado os pontos de um xale para ela imediatamente.

tricô em prosa - Xale Estuary

A Rayssa tem (bem) mais de vinte anos, mas no meu coração ela sempre será aquela bebê fofa de voz grave, falante e curiosa, que subia pelos móveis e queria entrar dentro da cristaleira da minha mãe.

Demorou uns meses até que tudo estivesse pronto para eu começar essa peça. E isso aconteceu em meados de novembro do ano passado. Sempre me senti atraída por essa receita, uma mistura de xale e echarpe. Achei que essa receita tinha tudo a ver com a Rayssa. Eu tinha esse fio, nessa cor que acho deslumbrante. São 450 metros, perfeito!

tricô em prosa - Xale Estuary

Existem duas versões dessa receita. Podemos imprimi-la a partir do site Knitty ou baixar o PDF do Ravelry. Ambas estão corretas, mas não se deve misturar os gráficos de uma versão com os da outra. Eu escolhi baixar o PDF por que usei o aplicativo KnitCompanion instalado no iPad para seguir os diversos gráficos.

Eu não diria que essa receita é daquelas que se tricota para relaxar. Não mesmo! Requer muita atenção! A maior parte do tempo devemos seguir dois gráficos diferentes para fazer uma única carreira. E lá pelo final da receita, o número da linha de um gráfico não batia com o número da linha do outro gráfico. Tenso…

tricô em prosa - Xale Estuary

O xale nasce a partir de dois pontos montados na agulha. Nas carreiras ímpares são feitos os aumentos que dão forma ao xale. Depois do gráfico inicial (A), começa o gráfico C que corresponde ao barrado do xale. Esse gráfico será repetido ao longo de todo xale, praticamente 80% do tempo, ao mesmo tempo que outros gráficos são trabalhados. O xale cresce na altura, então a parte central é tecida reta e em seguida o xale diminui até que restem dois pontos na agulha.

Usei um marcador de pontos vermelho para delimitar a fronteira entre o gráfico C e os demais gráficos. A receita só pede esse marcador. Mas é salutar usar marcadores para delimitar as repetições dentro de cada gráfico. Então escolhi marcadores brancos para as repetições de um mesmo gráfico.

tricô em prosa - Xale Estuary

Duas semanas depois de iniciado, o pobre xale foi colocado em segundo plano devido às exigências do trabalho. A prioridade naquele momento era trabalhar dia e noite, fim de semana também, para cumprir o prazo de entrega.

Assim que o trabalho foi entregue, era hora de viajar para a casa de meus pais para as festas de Natal e Ano Novo. Eu levei o xale para tricotar lá, mas convenhamos, seguir dois gráficos ao mesmo tempo não encoraja a socialização… Do jeitinho que ele foi, voltou. E assim permaneceu, intocado, por mais de dois meses.

tricô em prosa - Xale Estuary

Em março, eu retomei a peça. Tive de fazer um esforço porque tinha esquecido todos os pormenores da receita. Estudando a trama, finalmente aceitei que os contadores do KnitCompanion indicavam precisamente onde eu tinha parado.

E tive de ler a receita de novo para esclarecer duas perguntas cruciais: a) o gráfico mostra os pontos da borda?, e b) como se tricota a carreira do avesso? Sanadas as dúvidas, me entreguei às delícias de tricotar novamente!

tricô em prosa - Xale Estuary

Foi então que aconteceu o Drama Número Um. Uma atualização da versão 9.3 do sistema operacional do iPad fez com que meu aparelho ficasse travado. Pelo que andei lendo, vários proprietários do iPad 2 ao redor do mundo tiveram o mesmo problema.

Segui todos os passos recomendados pela Apple, sem nenhum sucesso. Achei que teria de apagar todos os meus dados e reinstalar os aplicativos que uso. Mas o suporte da Apple entrou em contato e baixou uma atualização que destravou o aparelho e salvou todos os meus dados.

Lições aprendidas: a) nunca mais instalar uma atualização sem antes fazer um backup dos dados; e b) mesmo assim, esperar ao menos dois dias para ver se outros usuários tiveram problemas.

tricô em prosa - Xale Estuary

Com o KnitCompanion operacional e todos os meus contadores intactos, retornei ao xale. Segui a receita à risca. Depois da fase dos aumentos tem um gráfico reto que deve ser repetido quatro vezes, e assim o fiz. Finalmente pude iniciar a etapa de diminuições até alcançar o último gráfico do xale.

Faltando menos de 20 carreiras para terminar o xale, quem terminou foi o fio. Esse foi o Drama Número Dois! Considerei comprar outra bola, porém faz tanto tempo que comprei esse fio não encontraria outro lote dele.

tricô em prosa - Xale Estuary

Três dias depois, passado aquele sentimento de frustração e totalmente tomada pela atitude “vamos resolver esse problema”, sentei-me e estudei a trama. Localizei o local exato da conclusão da terceira repetição do gráfico reta. Desmanchei até esse ponto. Eu devo ter desmanchado uns 25 centímetros de trama. A partir daí iniciei as diminuições.

Desse modo, omitindo a quarta repetição do gráfico reto, eu pude concluir o xale. E quando arrematei os últimos dois pontos, sobrou pouquíssimo fio.

tricô em prosa - Xale Estuary

O resultado me agradou bastante! Fica legal usado como um xale e também fica muito bem quando usado em volta do pescoço, como uma echarpe.

Depois de bloqueado e seco, o xale mediu 175 centímetros de envergadura. Se eu tivesse tido fio suficiente para tricotar a quarta repetição do gráfico reto, imagina como esse xale não ficaria longo? Ah,sim! A peça mede 31 centímetros de altura.

E não descarto a ideia de tricotar essa receita novamente!

Receita: Estuary de Tin Can Knits
Fio: Pingouin Tropfil na cor 2524
Composição: 100% algodão
Agulha: circular de numeração 3,5mm de 100 cm de comprimento

Veja esse xale no Ravelry

muito amor para o matheus

Desde que bati os olhos nessa receita, fiquei completamente encantada. Modelos clássicos sempre me atraem. E ainda por cima, grátis! Eu até tentei encontrar outra receita tão encantadora como essa, mas nada me fascinava. Queria ver o Matheus vestindo esse macacãozinho e ponto!

tricô em prosa - Combinaison Layette

Imprimi o arquivo PDF e comecei a decifrar cada passo da receita, escrita em francês. Achei o padrão usado pela Phildar bem diferente. No início tive problemas para compreender a frequência das diminuições. Lendo alguns fóruns de tricoteiras francesas (elas também se confundem), consegui pegar o espírito da coisa.

O macacão é tricotado de baixo para cima. Primeiro as costas, depois a frente, e posteriormente as duas partes sāo costuradas. Dias mais tarde, depois de inúmeras anotações e observações, encontrei uma maneira de tecer a receita circularmente, restringindo as costuras para três pequenas áreas: as alças e na regiāo entre as pernas.

pernas

Escolhi fazer o tamanho seis meses. Montei os pontos para a barra da perna usando agulhas 2,5mm e trabalhei de modo circular.

Ao final da barra eu deveria distribuir 14 aumentos em 62 pontos.

A maioria das receitas que tricoto informa a sequência dos pontos da carreira de aumentos. Mas essa receita não. Basta dividir o número de pontos da carreira pelo número de aumentos que desejamos fazer. Facílimo quando a divisão resulta em um número inteiro com o resto igual à zero. Mas no meu caso, 62 não é divisível por 14. O resto da divisão é seis e não zero!

tricô em prosa - Combinaison Layette

Pois bem, eu tenho um livro escrito pela Elizabeth Zimmermann no qual ela ensina como calcular a distribuição uniforme de aumentos em uma carreira. Olha como é simples: se o resto da divisão não for zero, então devemos subtrair uma unidade da quantidade de aumentos e refazer a conta. Ao dividir 62 por 13 temos como resultado o quociente 4 e resto 10. Ou seja, para distribuir uniformemente 14 aumentos em 62 pontos basta fazer:
5pts, 1aum, [4pts, 1aum] 13 vezes, 5pts. Os cinco pontos iniciais e finais é o resto (dez) dividido por dois.

Se o resto da divisão for um número ímpar, basta distribuir a quantidade de pontos do resto no início e no final da carreira, de maneira que, ao serem somados, igualem-se ao resto. Por exemplo, eu poderia distribuir os aumentos assim: 3pts, 1aum, [4pts, 1aum] 13 vezes, 7pts (onde 3pts + 7pts = 10 pts do resto). Ainda teria 14 aumentos distribuídos, ainda que de maneira não muito uniforme, mas ilustra bem como proceder for ímpar.

Depois de trabalhar os aumentos, troquei para agulhas número 3,0mm para terminar o restante da perna, seguindo à risca as instruções da receita. Ao terminar a perna eu não arrematei, apenas deixei os pontos em espera e em seguida comecei a tricotar a outra perna. Uni uma perna à outra como se unisse as mangas de um suéter sem costuras. Estava pronta para tricotar o corpo de maneira circular.

o corpo

Trabalhei o corpo do macacãozinho circularmente até que chegou a hora de colocar os pontos do painel frontal com botões em espera. A partir daí, tive de tricotar ida e volta, virando o trabalho no final da carreira.

Como eu faço o ponto meia bem mais apertado que o ponto tricô, usei uma dica ótima da Ann Budd: o lado direito, em meia, teci com agulha número 3,0mm, e o lado avesso, tecido em tricô, usei uma agulha de numeração um pouco menor, de 2,75mm. De fato, não deu para ver a diferença entre a parte tecida circularmente toda em meia, com a parte tecida em ida e volta.

tricô em prosa - Combinaison Layette

Fiz o mesmo quando tricotei o painel frontal do macacão. O lado direito foi tecido com agulha 3mm e o lado avesso com agulha 2,75mm. A receita original não instrui tecer as extremidades do painel em cordões de tricô. Mas eu preferi fazer assim para garantir que não ficasse enrolando.

as alças

Por último tricotei as alças do macacão em cordões de tricô usando agulhas 2,5mm. As alças frontais foram costuradas às alças posteriores usando costura invisível, ou seja, fazendo grafting em cordões de tricô, que não achei tão complicado de fazer. Primeiro, é necessário que a última carreira da agulha da frente tenha sido trabalhada em pontos tricô e que a última carreira da agulha de trás tenha sido trabalhada em pontos meia. Como de costume, o fio usado para costurar vem da agulha de trás. Os pontos são trabalhados da direita para a esquerda.

Na etapa preparatória, deve-se inserir a agulha no primeiro ponto da agulha da frente, em tricô, e em seguida inserir a agulha no primeiro ponto da agulha de trás, também em tricô.

Passo 1: Na agulha da frente, inserir a agulha, em meia, no primeiro ponto e remover esse ponto da agulha. Inserir a agulha no próximo ponto, em tricô, e deixar esse ponto na agulha.

Passo 2: Na agulha de trás, inserir a agulha, em meia, no primeiro ponto e remover esse ponto da agulha. Inserir a agulha, em tricô, no próximo ponto e deixar esse ponto na agulha.

Repetir os passos 1 e 2 até que todos os pontos tenham sido costurados. O mantra seria “meia, tricô, meia, tricô”. Ficou nota dez!

botões

Antes de pregar os botões, eu lavei o macacãozinho em água com sabão neutro (gosto do Ola) e deixei um dia inteiro secando bem esticado em placas de EVA. Como não encontrei botões que combinassem com o tom de verde do fio, escolhi botões de metal, tom de cobre.

tricô em prosa - Combinaison Layette

Para fazer o tamanho seis meses usei menos de uma bola de fio. Ainda sobraram 25 gramas.

Simplesmente adorei tricotar essa receita e com certeza vou tricotá-la novamente! Eu me inundava de felicidade, principalmente porque o pensamento estava sempre no forte e valente Matheus!

Receita: Combinaison Layette da Equipe Phildar
Fio: Fio Pingouin Bella – cor 2610
Composição: 100% algodão mercerizado
Agulhas: circulares número 2,5mm, 2,75 e 3,0mm de 100 centímetros de comprimento

Veja essa peça no Ravelry

xale gramado

A receita desse xale começou a tomar forma ainda no início desse ano. Eu precisava criar um protótipo de xale que seria tecido durante a prática do curso Xale Passo a Passo do 3° Encontro Gaúcho de Tricô.

tricô em prosa - xale Gramado

Procurei incessantemente por um ponto que fosse interessante e que tivesse laçadas e diminuições. Minha primeira escolha foi o ponto com o qual teci essas duas amostras. As amostras só confirmaram que o ponto era realmente muito bonito.

Cheguei a rascunhar o gráfico do xale usando esse ponto. Até improvisei um barrado. Mas não testei o gráfico. Na verdade eu abandonei esse rascunho. Achei que seria demorado tecer esse protótipo durante a oficina.

Então procurei outro ponto, com menos carreiras. Com o segundo ponto eu desenhei o gráfico do protótipo de xale que foi efetivamente usado na apostila da oficina.

tricô em prosa - xale Gramado

Acontece que eu sempre me pegava admirando a amostra do primeiro ponto que escolhi. Volta e meia eu estava com ela nas mãos. Não tinha jeito, estava apaixonada!

Tricotei o rascunho do gráfico que até então estava abandonado, substituí o barrado por outro e finalmente escrevi uma receita usando aquele ponto que tanto me encantou.

Só faltava tecer o xale propriamente dito. E ele foi tecido com muito amor para minha tia Eddinha, no meio de muitas recordações felizes, dos pudins deliciosos que ela assava até as músicas da Donna Summer.

tricô em prosa - xale Gramado

Usei agulhas 3,0mm, mas se for tecer o xale novamente vou aumentar a numeração para 3,5mm. E consumiu em torno de 527 metros de fio, foram duas bolas inteiras de fio mais um pouco de uma terceira bola.

Depois de molhado e modelado, o xale mediu 125 centímetros de envergadura e 67 centímetros de altura.

A receita acabou fazendo parte da apostila do curso. Ela foi oferecida como brinde para as minhas alunas queridas.

Receita: Xale Gramado de Valéria Garcia
Fio: Coats Corrente Esterlina 5 – 3 bolas
Composição: 100% algodão
Agulha: circular número 3,0mm de 1 metro de comprimento

Veja esse xale no Ravelry