irmandade dos xales

Ainda me lembro do quanto estava animada para começar a tecer esses dois “xales irmãos” para presentear minhas lindas enteadas! Foi assim que passei quinze meses felizes tecendo uma única receita.

Tricô em Prosa - Xales

Tempos tão diferentes desse “agora” em que estamos vivendo dores inimagináveis.
E como dói.

Normalmente essa receita seria tricotada em poucas semanas. E de fato, o xale que tricotei como teste, enquanto passava Natal e Ano Novo na casa de meus pais, ficou pronto em menos de um mês.

Foi nessa ocasião que entrei em uma loja de armarinhos, abarrotada de fios do piso ao teto, e perguntei à vendedora se tinha o fio Tropfil da Pingouin. Na mesma hora em que ela respondeu que não, eu fixei os olhos no alto de uma prateleira e vi dezenas de bolas desse fio em cores que nunca encontrei na cidade onde moro. Segundo a vendedora, que é coreana, ela achava que o nome do fio era “Tropical” e por isso respondeu que não tinha. Nesse dia eu comprei os fios dos xales das minhas enteadas (e de outros xales mais).

Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Antes de iniciar as peças eu sabia que o xale da Inácia deveria ter a cor magenta e o da Naiara deveria ter roxo. Mas eu amei tanto a cor roxa que decidi que seria a cor dos filetes da asa de borboleta dos dois xales. Desse modo, metade da bola de fio roxo seria usada em cada um dos xales, e por compartilhar do fio roxo eu passei a chamá-los de “xales irmãos”.

Como disse antes, teci essa receita pela primeira vez em três semanas. Mas, pelos mais variados motivos, o xale da Inácia levou oito meses para ficar pronto e o xale da Naiara demorou outros sete meses para ser concluído.

Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Inicialmente, a intenção era tecer os dois xales com cores distintas, mas de mesmo tamanho. Entretanto, não foi isso que aconteceu. Um pequeno detalhe na maneira de tecer os filetes da asa fizeram os xales ficarem de tamanhos diferentes.

Xale magenta + roxo
Para tecer o xale da Inácia eu montei 18 pontos (e não os 12 pontos que pede a receita).
Segui o esquema abaixo para dar forma ao xale:

Filete + Fatia A
Filete + Fatia B
Filete + Fatia C
Filete + Fatia D 10 vezes – 9 laçadas
Filete + Fatia E 10 vezes – 11 laçadas
Filete + Fatia F 8 vezes – 13 laçadas e 4 carreiras encurtadas
Filete + Fatia F 3 vezes – 13 laçadas e 5 carreiras encurtadas
Filete + Fatia G 2 vezes – 15 laçadas e 5 carreiras encurtadas

Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

No xale da Inácia, os filetes foram tecidos sem executar as laçadas propostas na receita original.

Quando a bola do fio roxo pesou 49 gramas eu arrematei usando o arremate em i-cord.
Peso final da peça: 85 gramas.

Xale turquesa + roxo
Para o xale da Naiara montei os mesmos 18 pontos e segui o esquema do xale da Inácia descrito acima.
Por puro esquecimento, ao tecer os filetes segui as instruções originais da receita, trabalhando as laçadas.

Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Quando notei essa diferença na maneira de tecer os filetes, já era tarde demais. O resultado é que ambos os xales têm o mesmo número de filetes roxos, mas o xale turquesa + roxo ficou com a “abertura da asa” maior.
Peso final da peça: 105 gramas

Sobre a receita
Atribuo o fato de não ter sentindo tédio algum ao tecer uma mesma receita três vezes consecutivas aos seguintes fatores:

  • Renda – renda nunca é entediante
  • Trabalhar com duas cores requer disciplina para não terminar com os fios embaralhados. No meu caso, eu me sento e coloco uma bola de fio do lado direito e outra do lado esquerdo. Além disso tomo cuidado para não girar a peça 360 graus ao terminar as carreiras. Giro a peça para um lado ao terminar uma carreira e na próxima carreira vou girar a peça para o lado oposto.
  • As carreiras encurtadas são executadas em momentos diferentes na mesma fatia – requer constante contagem de repetições

Longe de sentir tédio, o sentimento preponderante é de concentração com algumas pitadas de tensão. É quase como meditar, uma vez que temos de nos manter concentrados numa única atividade, que é  tecer e contar as repetições.

Mas sem dúvida, o sentimento mais gostoso vem ao terminar o xale, lavar e modelar para então, finalmente, se enrolar nele!

Receita: Xale Nymphalidea de Melinda VerMeer
Fio: Pingouin Tropfil nas cores 452 Europa (roxo); 4355 Magenta; 1508 Cancun (turquesa)
Composição: 100% algodão;
Agulha: circular número 3,5mm de 1 metro de comprimento

Veja o xale da Inácia no Ravelry
Veja o xale da Naiara no Ravelry

ensaio de renda

Sim, de uns anos para cá tenho tricotado muito pouco. Estou sempre pensando no assunto, imagino receitas, algumas vezes procuro por pontos, mas na maioria das vezes o ato de tricotar fica no plano do futuro. Mas não estou parada.

E nas raras ocasiões em que termino alguma peça, demoro meses para publicar. É exatamente o caso desse xale, iniciado em meados de dezembro do ano passado e finalizado semanas depois, no final daquele mês.

Blog Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Queria tricotar uma peça despretensiosa e que tornasse um pouco mais colorido o meu guarda-roupa tão cheio de peças pretas. Procurei uma receita de xale que pudesse ser usado como uma echarpe, ou até mesmo como um cachecol.

Encontrei essa receita de xale, que é tecida usando duas cores de fio.

O xale imita uma asa de borboleta: os filetes sólidos se alternam com as fatias que apresentam uma renda apenas um uma das extremidades. A renda é trabalhada em carreiras encurtadas, o que dá o formato de asa à peça.

Blog Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Minha intenção era usar apenas restos de fios de outros projetos. Escolhi usar os restos do fio vermelho que sobrou desse xale. Mas terminei comprando uma bola de fio laranja para compor. Os filetes seriam tecidos na cor vermelha e a cor principal das fatias seria laranja.

A receita original é simples: tecer 1 filete, fatia A, filete, fatia B, filete, fatia C, e então repetir a sequência [filete, fatia D] 28 vezes.

Pesquisando um pouco mais no Ravelry encontrei essa versão modificada da receita original, que deu ao xale um formato de lua crescente. Resolvi adotar as mudanças que a tricoteira fez para tecer o filete. Segundo suas anotações, a partir da décima oitava repetição da fatia D, usar as instruções abaixo para tecer o filete:

Linha 1: 2t, 2pjt, tricô até o final (instrução original: toda a carreira em tricô)
Linha 2: 2t, laçada, ponto tricô até o final (1 ponto aumentado)
Linha 3: 2m, 2pjm, meia até o final (instrução original: toda a carreira em meia)
Linha 4: 2m, laçada, meia até o final (1 ponto aumentado)

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Navegando no Ravelry também encontrei essa peça aqui. E também terminei mesclando as modificações dessa peça na minha versão de xale. Daí que a primeira versão do xale que teci teve a seguinte sequência:

filete + fatia A
filete + fatia B
filete + fatia C
[filete + fatia D] 14 vezes
[filete + fatia E] 8 vezes
[filete + fatia F] 5 vezes
[filete + fatia G] 2 vezes

A receita original não faz menção nenhuma às fatias E, F e G. Mas seguindo a lógica das fatias A, B, C e D, é fácil deduzir suas instruções.

E já que estou falando de modificações, não posso deixar de mencionar esse xale cujo formato ficou parecido com o de uma pincelada. Clicando na primeira fotografia da página, podemos ver a peça inteira. Tão belo!

Blog Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Arrematei os pontos do xale em i-cord, mas antes de cortar a ponta do fio vermelho, ainda com a tesoura na mão, notei que tinha sobrado tão pouco fio que não daria para fazer nada com ele. Tive uma ideia maligna! Por que não continuar tecendo o xale até consumir todo o fio vermelho? Deixei a tesoura de lado e resolvi continuar tecendo até consumir o máximo de fio.

O que fiz foi desmanchar todo o arremate, desmanchar as duas fatias G e também o filete que antecedia essas fatias. A partir desse ponto continuei a tricotar o xale. Assim pude acrescentar mais fatias F e mais fatias G. Só parei quando achei que ainda tinha fio suficiente para arrematar.

Para consumir todo o fio vermelho, o xale acabou sendo tecido com a sequência abaixo:

filete + fatia A
filete + fatia B
filete + fatia C
[filete + fatias D] 14 vezes
[filete + fatias E] 8 vezes
[filete + fatias F] 8 vezes
[filete + fatias G] 4 vezes

Blog Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

Quando tricoto usando duas cores de fio, tenho por hábito me sentar e colocar o novelo de uma cor do lado direito e o outro novelo do lado esquerdo. Faço isso por precaução pois é muito fácil embaraçar os fios enquanto tricotamos.

Outro cuidado que tomo: se no final da carreira eu virar a peça para a direita, na próxima carreira, ao alcançar o final da carreira, vou virar a peça para a esquerda. Alterno o sentido no final da carreira, evitando dar um giro completo de 360 graus na peça. Fazendo assim, mantenho um mínimo de sanidade mental.

Blog Tricô em Prosa - Xale Nymphalidea

As dimensões da peça antes de molhar (foto acima) foram de 116 centímetros de largura e 31 centímetros de altura.

Depois que a peça foi deixada de molho e gentilmente modelada sob uma superfície plana, suas dimensões mudaram para 134 centímetros de largura e os mesmos 31 centímetros de altura (na parte mais alta do xale), medidos depois que a peça secou completamente.

Gostei tanto de tricotar essa receita que tenho planos de fazer muitos outros xales Nymphalidea!

Receita: Xale Nymphalidea de Melinda VerMeer
Fio: Pingouin Tropfil – cor número 317 soviet e cor 2234 – Jerimum
Composição: 100% algodão
Agulha: circular número 3,5mm de 1 metro de comprimento

Veja esse xale no Ravelry

da cor do chocolate

A ideia era tricotar um casaco leve, de algodão, para me proteger do friozinho do ar-condicionado. E a cada dia e noite mais frios, crescia a vontade de tecer tal casaco. Encontrei a receita ideal, um modelo clássico do qual eu nunca me cansaria de usar.

blog Tricô em Prosa - da cor do chocolate - Cardigã Amiga

Ao estudar a receita pude identificar alguns “pontos de interesse”:
1) O fio que eu ia usar era mais fino que o indicado na receita;
2) A ideia de levantar pontos ao longo da borda para tricotar a gola da peça não me agradava. Eu queria tricotar a gola enquanto tecia a peça;
3) Queria um ponto diferente na gola;

Bem, este é o relato de como adaptei a receita para tricotar com uma amostra diferente.

Antes de mais nada, teci um quadrado de amostra no ponto jérsei (meia no direito, tricô no avesso) que lavei e deixei secar sem esticar com alfinetes porque é assim que vou lavar e secar o cardigã depois de pronto.

Amostra da receita em ponto jérsei:
17 pontos medem 10 cm, ou seja, 1 ponto mede 0,588 cm

Minha amostra em ponto jérsei:
23 pontos e 38 carreiras correspondem à um quadrado de 10 cm, ou seja, um quadrado de 1 cm tem 2,3 pontos e 3,8 carreiras.

Segundo a receita original, para tecer o tamanho médio eu deveria montar 44 pontos. Ao converter para centímetros temos: 44 pontos * 0,588 cm = 26 cm. Para obter 26 cm com a minha própria amostra, eu preciso montar 60 pontos, já que 26 cm * 2,3 pontos são 59,8 pontos, o que arredondei para 60 pontos.

Gola
Meados de agosto de 2017, escolhi o ponto da gola .Pelos meus cálculos, a gola da receita original mede aproximadamente 13 centímetros de largura. Tive de alterar o ponto que escolhi para que ficasse um pouco mais largo que o original. Ao aumentar a quantidade de pontos da repetição de 13 para 14, consequentemente a quantidade de carreiras passou de 20 para 24.
blog Tricô em Prosa - da cor do chocolate - ponto da gola do Cardigã Amiga

Os quadrados com X no gráfico acima delimitam a seção de cordões de tricô na extremidade da gola. Eu providenciei dois gráficos, um para a faixa esquerda e outro para a faixa direita, com os cordões de tricô em lados opostos.

Para não levantar os pontos da gola depois de terminar a peça, eu segui a sugestão dessa tricoteira. Ela usou a montagem provisória para tecer a gola em ambas as direções. Na fotografia abaixo podemos ver o fio provisório “ancorando” os pontos do início da montagem.

Fiz o seguinte: montei os 30 pontos usando montagem provisória e trabalhei 57 carreiras da gola, sempre passando o primeiro ponto sem fazer. Não trabalhei os pontos do avesso na última carreira. Ao terminar, havia 28 pontos passados sem fazer na lateral da faixa. Transferi os pontos para uma agulha circular qualquer porque eu iria retomar esses pontos mais tarde. Cortei o fio deixando uma ponta de uns 20 cm. Removi o fio provisório que ancorava os pontos do início da montagem e trabalhei outras 57 carreiras na direção oposta, desta vez começando pela linha 13 do gráfico da gola para alinhar o desenho.

Assim, eu obtive uma faixa da gola com pontos vivos em ambas as extremidades, como mostra a fotografia abaixo. Essa fotografia foi tirada antes de levantar os pontos e posicionar os marcadores para iniciar a pala do suéter.

Virei a peça para trabalhar a carreira 58 do ponto da gola, que corresponde ao lado avesso, trabalhado em ponto tricô. Da mesma maneira que se inicia os pontos de um xale, trabalhei os primeiros 28 pontos do gráfico da gola, coloquei um marcador, 2t, coloquei um marcador, sem virar o trabalho, levantei 9 pontos na lateral da faixa (um ponto levantado em cada ponto passado sem fazer), coloquei um marcador, levantei mais 38 pontos, coloquei um marcador, levantei 9 pontos, coloquei um marcador, 2t, coloquei um marcador, e continuei tricotando os demais 28 pontos da segunda extremidade da gola.

Na agulha tenho: 28 pontos da gola + 60 pontos que deveria montar para o cardigã + 28 pontos da gola. Detalhando um pouco mais: são 28 pontos da gola direita, 2 pontos da frente direita do cardigã, 9 pontos da manga direita, 38 pontos das costas, 9 pontos da manga esquerda, 2 pontos da frente esquerda mais os 28 pontos da gola esquerda.

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Pala
A receita original pede que os aumentos das mangas raglãs sejam trabalhados até que haja 252 pontos na agulha, ou 252 * 0,588 = 148 cm. Para obter essa medida com a minha amostra, devo trabalhar os aumentos até que existam 340 pontos (148 cm * 2,3 = 340 pontos), isso sem contar os pontos da gola.

Em meados de setembro de 2017, quando terminei a pala, imediatamente comecei a trabalhar as mangas. Resolvi deixar o corpo do casaco para o final.

Mangas
Eu deveria trabalhar as diminuições da manga de maneira que, ao concluir, a circunferência da barra medisse 25 cm. Convertendo centímetros para pontos temos que 25 cm * 2,3 pontos = 57,5 pontos, que arredondei para 57 pontos.

As mangas têm altura de 37 cm, ou seja, 37 cm * 3,8 carreiras = 140,6 carreiras.

Cada manga inicia com 85 pontos, que devem ser diminuídos para 57 pontos. Ou seja, são 28 pontos diminuídos ao longo de 140 carreiras. Em cada volta de diminuição, duas diminuições são trabalhadas, então esses 28 pontos serão diminuídos em 14 voltas de diminuição.

Trabalhei cinco voltas em meia antes de iniciar as diminuições para a manga da seguinte maneira: * uma volta de diminuição, nove voltas em meia; repetir a partir de * até obter 59 pontos nas agulhas.

blog Tricô em Prosa - da cor do chocolate - Cardigã Amiga

Finalizei as mangas fazendo oito voltas em cordões de tricô e arrematei usando o método de arremate costurado da Elizabeth Zimmermann.

Corpo
Depois que terminei as duas mangas, retomei os pontos do casaco para terminar o corpo. Trabalhei duas pences laterais nas costas para acinturar. As diminuições iniciaram abaixo da altura do busto e prosseguiram por 24 carreiras. Já na altura do quadril, eu comecei a trabalhar os aumentos também por 24 carreiras.

blog Tricô em Prosa - da cor do chocolate - Cardigã Amiga

Quando alcancei a altura desejada para o corpo do casaco, havia muitos pontos para arrematar, então escolhi fazer o Arremate Surpreendentemente Elástico de Jenny porque não precisa cortar o fio deixando uma ponta imensa. Eram tantos pontos na barra do casaco que demorei mais de três horas para concluir o arremate.

Acabamento
Com muito trabalho, inclusive nos fins de semana, mal encontrei tempo para embutir os muitos fios que restaram na peça. Tentei fazê-lo várias noites enquanto “ouvia” o noticiário na tevê, algo que faço sempre. Mas a cor da peça e a iluminação artificial tornaram impossível ver com clareza o desenho da trama e eu não conseguia decidir por onde passar a agulha. Frustrante.

blog Tricô em Prosa - da cor do chocolate - Cardigã Amiga

Na primeira oportunidade que se apresentou, semanas mais tarde, passei toda uma tarde de domingo sob a notável iluminação natural de uma janela e embutir os fios foi um trabalho fácil e até mesmo prazeroso. Ufa! Foram oito meses tricotando essa peça.

Outra coisa: quando teci meus primeiros casaquinhos de bebê, notei uma diferença na tensão dos pontos das mangas em relação aos pontos do restante do casaco que era tricotado frente e verso, virando o trabalho no fim da carreira. Os pontos das mangas, trabalhados circularmente, sempre ficam visivelmente mais fechados que os pontos das costas, por exemplo. Para que isso não acontecesse nesse suéter, trabalhei todas as carreiras do lado direito com agulha número 3,50 mm e todas as carreiras do avesso com agulha número 3,00 mm, quando o trabalho não era circular.

Agora, casaco lavado e cheiroso, quando o visto, o sentimento é de alegria, satisfação e que conforto!

Receita: Amiga de Mags Kandis
Composição: 100% algodão
Fio: Círculo Anne 500 – cor 7382
Agulha: circular número 3,50 mm e 3,00 mm

Veja esse cardigã no Ravelry

hora de celebrar

Eu tinha duas semanas para tricotar, lavar e modelar um xale que iria presentear para a minha sogra, a Anésia! Ela é admirável – autêntica, destemida, não só cuidou de sua família como sempre ajudou quem precisasse. Eu escolhi um fio vermelho para demonstrar toda sua força e energia.

Escolhida a receita, fiz uma pesquisa no Ravelry para ler as opiniões das pessoas que já tricotaram esse xale e aproveitei para anotar todas as modificações que achei interessantes.

blog Tricô em Prosa - hora de celebrar - Xale Annis

O xale é tricotado de baixo para cima, ou seja, montamos os pontos do barrado e trabalhamos o corpo por último. Devemos montar 363 pontos bem frouxos. Escolhi a montagem de crochê alternada com correntinha, como ensina esse vídeo,. Usando agulha de crochê 3,5mm e agulha de tricô número 4mm para montar os pontos. Mas, para trabalhar o gráfico do barrado, troquei a agulha de tricô por uma de número 3,5mm.

Coloquei contas de vidro em todas as diminuições do gráfico. As contas são colocadas antes de trabalhar a diminuição, assim:

  • Para mate simples ou ssk, colocar a conta no primeiro ponto da agulha esquerda
  • Para 2pjm e mate duplo centralizado, colocar a conta no segundo ponto da agulha esquerda

Eu deveria ter usado 539 contas de vidro, mas esqueci de colocar uma conta na terceira linha do gráfico! Só percebi depois que o xale estava terminado, lavado e modelado.

blog Tricô em Prosa - hora de celebrar - Xale Annis

Para fazer os nupps, usei agulha de crochê número 3,5mm.

Ao trabalhar as linhas do lado direito do gráfico temos várias interrupções para colocar contas de vidro e também para fazer os nupps. Cronometrei o tempo que levava para concluir cada linha. Levei em média 1h15m para trabalhar as linhas do lado direito tranquilamente, sem me apressar. Para trabalhar as linhas do lado avesso eu levei em média 15 minutos. Foram aproximadamente 14h20m para concluir o barrado.

Quando a modelagem de carreiras encurtadas inicia, fica mais rápido trabalhar o xale. Modifiquei essa etapa de acordo com as anotações desse xale no Ravelry, que são:

  • No lugar de SSK, fazer 2pjm
  • No lugar de 2pjt, passar 1 ponto em meia, passar próximo ponto em meia, 2pjt pelo fio de trás

blog Tricô em Prosa - hora de celebrar - Xale Annis

Na hora de arrematar, trabalhei a borda superior com uma carreira de passa-fita permeada de contas de vidro, desse modo:

  1. (avesso) Passar 1 ponto em tricô, meia até últimos dois pontos, 2pjm (183 pts)
  2. (direito) Passar 1 ponto em tricô, repetir [laçada, 2pjm com uma conta]
  3. (avesso): Passar 1 ponto em tricô, ponto meia até o fim da carreira
  4. (direito): Arrematar repetindo [2pjt, voltar ponto para agulha esquerda]

Eu levei 6h10m para concluir a modelagem com carreiras encurtadas e arrematar. Foram, ao todo, 20h30m para concluir o xale.

blog Tricô em Prosa - hora de celebrar - Xale Annis

Depois de lavado e modelado com alfinetes, o xale mediu 23 centímetros de altura e 89 centímetros de envergadura. Consumiu aproximadamente 50 gramas de fio.

É uma receita ótima de tricotar! Melhor ainda, temos a tradução autorizada para o português graças à querida Grace Karen do blog As Tramas de Milady.

Com certeza vou tricotar outro Annis no futuro!

Receita: Xale Annis de Susanna IC
Fio: Pingouin Tropfil – cor número 317 soviet
Composição: 100% algodão
Agulha: circular número 3,5mm com 1 metro de comprimento

Veja esse xale no Ravelry

peixe vivo!

Faz anos que traduzi a receita do Gorro Peixe [Morto ou Vivo?] e enviei para a designer que publicou a tradução nesse site. Não tinha tricotado ainda, até que no fim de fevereiro bateu uma vontade incontrolável de tricotar um gorro bem divertido para a fofuríssima Maria Luz.

tricô em prosa - Gorro Peixe [Morto ou Vivo?]

Primeiro fiz uma triagem nos restos de fio que tenho. Eu tento guardar os restos com base na similaridade dos fios. Daí que tenho uma sacola com restos de fios de meias, outra com restos de fios de algodão e assim por diante. Escolhi tecer com restos do fio Noblesse da Pingouin, que infelizmente foi descontinuado. Juntei os restos, vi quanto eu tinha de cada cor e como eu trabalharia as listras.

É muito legal dar forma à boca usando carreiras encurtadas (uso esse método).

tricô em prosa - Gorro Peixe [Morto ou Vivo?]

Fiz uma confusão ao medir as listras para trabalhar as diminuições que dão forma ao gorro. No final ele ficou muito longo. Desmanchei até a metade e prestei mais atenção ao tecer pela segunda vez.

Trabalhei as barbatanas sem maiores problemas, mas tive de olhar as fotografias da receita original para entender como costurar a cauda do peixe. Depois que a costura estava feita, achei que a cauda ficou muito fofa!

Acho que fiquei uns dois dias embutindo pontas. Mais ou menos umas seis horas.

A única modificação que fiz foi não usar olhos de feltro. Para fazer os olhos, eu usei outra receita de peixe. E ainda assim, fiz uma pequena modificação porque eu não bordei os olhos com linha preta. Em vez disso eu tricotei com fio branco e mudei para um fio preto faltando duas voltas para terminar.

tricô em prosa - Gorro Peixe [Morto ou Vivo?]

Gostei muito desses olhos, deram um toque bem engraçado, do jeito que queria.

Enfim, é uma receita muito divertida e com certeza vou tricotar de novo!

ReceitaGorro Peixe [Morto ou Vivo?] de Thelma Egberts com
olhos da receita Flappy Flounder de cheezombie
Fio: Pingouin Noblesse em diversas cores
Composição: 30% lã, 70% acrílico
Agulhas: circular número 3,5mm de 100 cm de comprimento

Veja esse gorro no Ravelry